segunda-feira, 21 de julho de 2014

Não faz tanto tempo, eu só te via passar. Era lindo, era cheiroso. Eu era viciada na sua blusa de moletom, seu andar desajeitado e sua cara de brabo. Eu amava passar do seu lado e ficar com aquele gostinho de "volta!". E você sempre voltava, de um jeito ou de outro. Você, desde os corredores do colégio até a praça da Catedral era minha inspiração.
Obrigada, meu caro, você foi a minha salvação nas horas nostálgicas, nos sonhos coloridos de afeto, nas histórias inventadas de memórias longas guardadas debaixo dos seus braços.
Salvou-me do meu vago desespero em compartilhar sorrisos e abraços, sentimentos e segredos.
Salvou-me da infelicidade.
Deixou-me ser, e encontrar-me
Para voltar, como sempre, voltar...

terça-feira, 10 de junho de 2014

Rima-me

Rei de mim, meu amor,
espero-te o tempo que for,
 e se o tempo for contra mim,
eu dou um chega pra lá enfim,
 e vou aonde está o seu coração
 E vou juntar, cada pedacinho do meu que esteve ao chão
 Eu pego um pouco do teu,
 pra encaixá-lo no meu
Eu sei que você não me negaria,
um pouco do teu ser,
mesmo que um dia ele pare de bater
A eternidade de nós compensará
 todo esse tempo que me contentei em repousar
 nas lembranças de um amor
predestinado a somente,
 amar.

SER

Gosto de te ver assim, vencedor. Desviar as rodas das ruas das lamentações. Cobrir o rosto de sorrisos plenos, olhar maroto como quem pensa somente em nunca voltar a ser e estar o passado de confusões, guerras internas, lágrimas e discussões. De nada vale o rosto cheio de marcas de risos e momentos se fosse pra acomodar-se à um futuro triste, sem redemoinhos que te fazem voar, sem a pista que te faz SER.
Eu posso te imaginar guerreiro caminhando do outro lado da rua. Olhar de canto e um sorriso pequeno me mostrando que está tudo bem. Eu enfim poderia dizer que sim, meu coração mora no lugar certo, mesmo que afastado de mim, mesmo que me mate um pouco a cada dia, eu ainda amo o lugar onde o abriguei. Lá permanecerá, até o dia em que minhas cinzas vencerão minha solidez. E morrerá contigo, ao lado dos meus maiores tesouros, um pedaço da sua memória, um pedaço do seu coração.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Carta para Sansão

Eu ia te contar que hoje, ao acordar, eu vi a falha na mensagem que te mandei há alguns dias atrás. E te contar que por muitos minutos fiquei a observar aquele recado deixado na minha caixa postal. Perdi o ônibus, perdi a chave do armário. Me perdi naquele recado.
Cheguei ao trabalho, sentei para ligar para os clientes. Não vendi, não sorri, nem disse ''tenha um bom dia''. Reclamei dos xingamentos. Fiquei por seis horas com os olhos afixados no relógio do canto da tela do computador. 14:50. Hora de ir pra casa. Tentei encontrar meu futuro debaixo de sol e calor. O vento sumiu, a felicidade sumiu, o sossego sumiu. Você sumiu. Andei como andávamos de mãos dadas, mas aonde estava a suas mãos hoje? Entrei no terminal. Vi seu ônibus passar. Automaticamente procurei em vários olhares os seus perdidos na lotação. Não achei. Entrei no meu ônibus. Cheguei em casa. Olhei no relógio. 16:43. Há dois anos atrás, nesse mesmo horário, eu te mandava mensagens perguntando como foi sua tarde, seu curso e se chegou bem em casa. Hoje, acendi a luz do meu quarto, sentei em minha cama. Suspirei, e pensei por ora: espero que estejas chegando bem.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Eu queria que você soubesse, que eu ainda penso naquela entrada à igreja, e nas coisas que você me dizia quando nos reencontrávamos. Eu queria te lembrar dos meus olhos e do meu sorriso quando te via se aproximar. Eu queria sentir aquele aperto no peito quando o via distante, mas pelo menos eu te via. E via você sorrir também.
Não falávamos em casamento, e muito menos em namoro, porque nunca precisamos disso para completar nossas vidas aos momentos em que não passamos juntos, mas a mente permanecia na Catedral da felicidade. E seríamos felizes, como nós fomos um dia.
Foi então que nossos caminhos nos tornaram livres, pra fazermos novas histórias com novos amores. E eu posso dizer que estou fazendo jus a essa tal liberdade. Mas é a minha mente que nunca mudará de rota.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Prece para uma dama.





Deixa-me dormir com você.
Canta-me mesmo que desafinada.
Abriga-me.
 Consola-me.
 Seja meu anjo, minha vitória.
 Durma comigo, pequeno anjo.
Diz-me que não é um anjo.
 Faça-me rir.
Vá, mas não me deixe.
Leva meu coração, minh’alma.
E me deixe.
Não seja egoísta. Seja dele. Seja do mar.
Seja feliz, minha dama.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Pequeno pássaro.



Eu faço reggae, rock e samba,
eu faço poesia e faço amor
Por que você não pousa em meus braços
 e deixa eu fazer-te livre, 
em mim?

O Homem de nada.



Há muito conheci o homem de nada. Não tinha cabelo, nem barba, nem nada. Não era um superdotado. Era de pouca conversa, de poucos olhares. Era a face que intimidava. Escondia sua vida e se escondia dentro dela. Não era encantador. O sorriso, deixava atrás de sua carne. Não era conhecido e nem conhecia ninguém. Até que eu o conheci.
Não tinha cabelo, nem barba, nem nada. Não era superdotado. Era realmente, o homem de nada. Mas me falava muito, e me olhava, e me sorria, e me mostrava a vida, a sua e a minha. Ele era encantador!
 Afinal, homem de nada, não é alguma coisa?

Réquiem de nós mesmos.



Aqui jazem nossos nomes e registros. Sua face e meu penar. Seus olhos e meu encantamento. Suas manhas e manhãs, e meu apego.
Foi-se como deveras ser. E voltarás para meu corpo, dançarás sobre minhas pálpebras, abraçarás meu amor, e repousarás sobre meu repouso. Repousaremos ao amanhecer, e nos sepultaremos para a vida que há de nos esperar. Mais doce, mais leve, e florida.
Aqui jaz nossa primeira vida.
E as próximas, de nós...